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Perde a cabeça durante uma birra? A culpa é do seu cérebro

A caminho do metro cruzei-me com uma mãe que ralhava com o filho de 8 ou 9 anos. “Não voltas a falar assim, ouviste?”, ameaçou, fora de si. E antes que o menino dissesse alguma coisa, levou uma chapada na cara.

Segui viagem mas fiquei a pensar naquilo. Em como poderia aquela mãe ter (re)agido caso tivesse conseguido acalmar-se primeiro e voltado a reintegrar-se, acedendo à parte “racional” do cérebro. Parte “racional”? Sim…

E se eu lhe disser que a “culpa” das suas reações ao “mau” comportamento das crianças é, em primeiro lugar, do seu cérebro?

Perder a cabeça

O que é que acontece quando teve um dia complicado, em que discutiu com o colega do lado, levou uma reprimenda do chefe, não dormiu o suficiente ou, simplesmente, está cansada/o? E em que, para além disso, chegou a casa e os seus filhos fazem uma birra daquelas…? Perde a cabeça. Salta-lhe a tampa.

Isto acontece porque, nos momentos de tensão, não consegue aceder à parte “racional” do seu cérebro: o cortex pré-frontal. Que é a área que regula as emoções, as suas relações com os outros, a flexibilidade de resposta às situações, a moral e intuição, a forma como apreende o que a/o rodeia e a consciência de si mesma/o. Ao não ter a capacidade de regular tudo isto, nem sequer se dará conta do quanto está a ser desrazoável com os seus filhos.

Quando chega a casa naquele estado, o que é que se vai passar com os seus filhos? Que também podem ter tido um dia cansativo, como o seu. Entrarão em choque consigo, claro. Isto porque têm neurónios espelho, como todos nós. E refletem o que veem.

Essencial manter a calma!

E se em vez de reagir de forma intempestiva, conseguisse manter a calma? De que forma (re)agiria? E que atitude acha seria mais provável ver no seu filho?

Pense nisto: o que a/o ajuda a acalmar-se? O que pode fazer para se tranquilizar? Contar até 10? Ir à casa de banho? E por que não sair de cena durante uma birra, por exemplo? (Sobre o Time Out e como este pode ajudar a acalmar-se, leia este artigo).

Entender o que passa connosco quando nos tiram do sério, é meio caminho andado para melhorarmos a relação com os nossos filhos. E com os outros.

Ter a capacidade para se tranquilizar antes de (re)agir significa voltar a integrar-se. E permitir que o cérebro “funcione” novamente. Sei que nem sempre é fácil, mas é algo que pode treinar-se.

A ideia não é que não volte a perder a cabeça, porque isso é impossível. Todos continuaremos a fazê-lo. O desafio é darmo-nos conta do que está a acontecer, e de forma mais rápida, para depois atuarmos com firmeza e respeito ao mesmo tempo. São estes os conceitos-chave da Disciplina Positiva.

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