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Castigo ou consequência? Como estamos a educar as crianças?

“Qual é a diferença entre o castigo e a consequência”, perguntou-me uma mãe, preocupada com a forma como está a educar os filhos. A fronteira entre o castigo e a consequência é ténue, por isso é natural a dúvida. Castigamos com a intenção de mudar o comportamento da criança, para que passe a agir como queremos, e para a punir, para fazer com que “pague” pelo que fez, fazendo-a sentir vergonha, dor e/ou culpa. O castigo não tem relação, um nexo de causalidade, com a ação, no fundo não é mais do que uma consequência… disfarçada. Por exemplo, quando mandamos a criança para o quarto ou lhe dizemos que já não vai à festa porque se portou “mal”, estamos simplesmente a agir de forma autoritária e punitiva, sem que haja uma relação entre o ato e o castigo.

Já as consequências estão diretamente relacionadas com o ato em si, são uma decorrência lógica dele, há um nexo de causalidade entre o ato e o resultado. Por exemplo: se a criança deixou cair a comida ao chão, a consequência lógica é limpar, (o que até pode acontecer com a ajuda dos pais, dependendo da idade); se não fez os trabalhos de casa na hora combinada, a consequência lógica poderá ser ter de os fazer na hora em que iria ver TV; se partir algo a consequência poderá ser ter de a consertar (dependendo da idade) e se bater no irmão a consequência poderá ser pedir-lhe desculpa…

Ao contrário do castigo, que apenas funciona a curto prazo (porque põe fim ao “mau” comportamento no imediato) mas tem consequências negativas no longo prazo, as consequências lógicas (que não devem nunca pôr em causa a segurança dos mais pequenos!) permitem ensinar às crianças a lidarem com o resultado do seu comportamento, de forma a que desenvolvam responsabilidade (algo que não acontece com o castigo, que apenas cria medo e rebeldia). Às vezes a diferença está, também, no mero tom de voz…

Curiosamente, a Disciplina Positiva apenas sugere a aplicação de consequências lógicas como um dos últimos recursos. Procurar a razão por detrás do comportamento, para depois atuar de forma positiva (com firmeza e carinho ao mesmo tempo), apelar à cooperação envolvendo-as em atividades úteis, passar tempo de qualidade com elas, estimular a responsabilidade, a autonomia e a auto-estima, por exemplo, são “ferramentas” mais úteis e efetivas 😉



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