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Como evitar birras às refeições?

“Parece de propósito! Logo hoje que preciso de chegar a horas a um sítio é que decides fazer uma birra dessas!”


Cá em casa também era assim. Cada manhã, um suplício. Mas há poucas semanas, tudo mudou. O momento de viragem foi o dia em que a minha filha mais nova, que está quase a fazer 3 anos, fez a birra das birras ao pequeno-almoço: ela gritava, esperneava, nada a acalmava. Parecia que o mundo ia acabar. Tudo por causa de um simples iogurte, que era-mas-afinal-não-era-bem aquilo que ela queria para começar o dia. E eu atrasado para uma reunião…

Mudar o foco A minha vontade, naquele momento, foi a de muitos pais nesta situação: ralhar (“come isso imediatamente!”), chantagear (“se não comeres…”, premiar (“se comeres dou-te…), castigar (“ai não comes? Então…). O espetáculo foi tal que me passou pela cabeça dar-lhe uma nada consoladora palmada no rabo! Mas, em vez disso, comecei a aplicar o que tenho aprendido com a Disciplina Positiva: respirei fundo (muito fundo!), mantive a calma e… mudei-lhe o foco, inventando uma brincadeira em que o iogurte (o tal que ela não queria…) era tão apetecido que o melhor seria que ela o comesse todo (e rápido) antes que… a Princesa Sofia acordasse e o comesse por ela. Resultou em cheio e, em menos de 10 minutos estávamos na rua. Dias antes já tinha aplicado a mesma estratégia, com resultados idênticos, quando ela acordou em histeria a meio da noite, a chorar e a espernear como uma louca. Nessa madrugada só se acalmou quando consegui que prestasse atenção à sua boneca favorita, que lhe disse que acordou “assustada com a berraria” dela. Depois inventei uma história (sem grande nexo, porque estava meio a dormir) que só me lembro que metia um castelo e uma princesa, que estava doente e não podia ouvir o barulho de alguém a chorar à noite, porque senão acordaria no dia seguinte cheia de espirros…

Antecipar comportamentos e dar opções limitadas Depois das duas situações que descrevi, passei a apostar ainda mais na prevenção. “Se o pequeno almoço é um momento de potencial tensão, porque não envolvê-la na sua preparação?”. Criámos uma rotina juntos e agora abro o frigorífico e dou-lhe opções limitadas: “o iogurte de banana ou de morango?”. O pequeno almoço passou a ser um momento divertido, sem stresses e que reforça os laços familiares. E nunca mais cheguei atrasado a lado nenhum pela manhã. Promover a cooperação tem sido outro dos trunfos, para evitar fitas à mesa ao pequeno almoço (e também resulta noutras refeições). Por exemplo, deixo que seja ela a deitar e a mexer os cereais na tigela onde deita o iogurte. No início entornava bastante, agora raramente deixa cair mais do que um ou dois pedaços. Depois, dou-lhe um bónus: escolher a colher que quer usar: “a do Mickey ou a do Pluto?”. E voilá! Desenganem-se os pais que acham que, com esta “estratégia”, a deixei “ganhar”, “levar a melhor”. Nada disso. Limitei-me a dar-lhe poder de escolha, mas dentro de soluções limitadas, aceitáveis e respeituosas para ambos. O que a longo prazo terá efeitos positivos, já que está a aprender a decidir por si, em vez de o fazer contrariada, porque é obrigada a tal. O que faz toda a diferença. Texto publicado no site Chupeta VIP, do qual o autor é co-fundador




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